quinta-feira, 4 de março de 2010

Até dava vontade de rir, se não desse vontade de chorar...

Tendo estado bastante tempo afastado da net, só agora posso escrever sobre o desastre na Madeira. Assim, desculpem-me ser um post recesso.

Nesta tragédia que assolou a Madeira, houve um episódio verdadeiramente lamentável, que até poderia dar para rir, se não desse para chorar. Não sei exactamente os pormenores todos da notícia, mas retive o essencial, que é o que vou expor.

Numa das enxurradas, uma igreja de uma santa qualquer lá da Madeira foi totalmente destruída, apenas tendo ficado totalmente intacta a imagem da dita santinha. Nessa enxurrada em particular, morreram algumas pessoas, não sei se uma ou duas, se mais, mas morreram. Pois bem, o pároco lá da zona teve o atrevimento de vir dizer, muito emocionado, que se tinha dado um milagre, ao ter sido "salva" a imagem da santa apesar de a igraja ter sido toda destruída. Ou seja, um padreco qualquer, seja ele o que for na hierarquia eclesiástica, perante um cenário de desatre e de dor, veio clamar, alegremente, aquele milagre. Quando, repito, não só morreram muitas pessoas no geral, como, em particular na enxurrada que levou a igreja, houve pessoas que morreram.

Pergunto: será que o padreca em questão será bom da cabeça? Não se deve generalizar, sei que há de tudo, padres bons e padres menos bons, mas são exemplos como este que, quando me sinto espiritualmente a ficar mais ligado à religião e/ou à fé, me fazem voltar a um estado de quase repugnância pela Instituição...

Bem disse o Ricardo Araújo Pereira, numa das suas crónicas na Visão, algo como "gosto de padres, não gosto é de padrecas". Este da Madeira não só é padreca, como o consegue ser de forma asquerosa.

PS: Aviso já que o que vou dizer é politicamente muito incorrecto. Convivi muito de perto com Madeirenses na faculdade (um deles morou comigo, e somos grandes amigos). Quase todos eles defendiam a independência, ou quase, do arquipélago, e chegavam ao ponto de se considerarem superiores aos continentais (juro!) e de que praticamente não precisavam deles para nada. Pois bem, depois do que aconteceu e da prontidão e
generosidade que todo o país demonstrou para com a Madeira, dá vontade de lhes perguntar "Como é, ainda querem ser independentes?". Perdoem-me, sei bem que não é altura para estar com isso, mas precisava de deitar cá para fora este desabafo.

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