quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sobre o post anterior do Espinete (PCP e a queda do muro)

Sinceramente, não consigo perceber. O meu avô era comunista, mas daqueles do tempo em que a URSS, através de uma eficientíssima propaganda, parecia ser um paraíso na terra: todos tinham o direito, que se concretizava objectivamente, à educação, ao trabalho, à habitação - e saliente-se que o meu avô viveu a vida quase toda durante a nossa ditadura saloia e seráfica do Botas, e morreu em 1990, ou seja, não deu para se aperceber totalmente do verdadeiro terror que eram aqueles regimes. Quanto àqueles direitos que eu enunciei, de facto existiam, mas eram mais obrigações, sem qualquer tipo de liberdade individual: as pessoas tinham direito à educação, mas tinham de estudar o que o Comité mandava; as pessoas tinham direito ao trabalho, mas trabalhavam no que e aonde o partido mandava; todos tinham habitação, mas em bairros horríveis sem qualquer possibilidade de escolha, tendo muitas vezes de ser "deslocadas". Isto tudo acrescido, claro está, da medonha e violentíssima opressão do regime sobre as pessoas!
Assim, compreendo o comunismo do meu avô; agora, não se compreende de todo como, depois de se saber com completa clareza e detalhe toda a dimensão do horror dos regimes comunistas de leste, se pode continuar a defendê-lo. Por isso é que eu não tenciono votar alguma vez no PCP (mas não se deve dizer desta àgua não beberei, em tudo): defendem realmente várias ideias e práticas com as quais concordo, mas que apenas concebo se sempre em democracia, tanto política como social - já aqueles senhores fingem defender a democracia mas rejeitam-na completamente; são verdadeiros lobos com pele de cordeiro...

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